domingo, 17 de setembro de 2017

CET orienta fiscal a se esconder para flagrar irregularidade


Pressionados com meta de multa, os agentes de trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) em São Paulo foram orientados a não ficarem visíveis para flagrar irregularidades dos motoristas, revela reportagem exclusiva da Rádio SulAmérica Trânsito FM 92,1 levada ao ar nesta terça-feira.

Estas ordens, entretanto, vão contra o regime e as normas internas de conduta do agente e são, curiosamente, verbalizadas apenas em reuniões a portas fechadas. Uma delas, porém, foi registrada e assinada. A Rádio SulAmérica Trânsito FM 92,1 recebeu um documento com a seguinte diretriz: "Ao fiscalizar PPV, não fique nem deixe VTR visível ao infrator". PPV é o programa de proteção à vida, que monitora infrações em faixas de pedestre. VTR são as viaturas dos agentes. Em outras palavras, ao fiscalizar uma irregularidade deste tipo, o “marronzinho” deve se esconder.



O documento, datado de 4 de agosto deste ano, leva um carimbo da companhia e a assinatura de um Gestor de Trânsito de sobrenome Sato, com um número de registro: 12215-7. Trata-se do empregado de carreira, Daniel Sato, do Departamento de Engenharia de Tráfego CN-3.

O regimento interno dos agentes de trânsito é claro: “É necessário ver e ser visto, portanto, deve-se buscar um posicionamento adequado no espaço físico em que executa sua atividade, visando sempre a sua segurança e a do munícipe.” 

Em entrevista na última sexta-feira, o secretário dos Transportes, Jilmar Tatto (PT-SP), afirmou que a ordem para o agente não ficar visível ao realizar este tipo de autuação não existe. “Não precisa ficar invisível. Ao contrário, ele precisa estar visível”. Na entrevista, Jilmar diz desconhecer o documento e pede para verificar sua autenticidade. “Se existir algo assim, eu peço para revogar imediatamente.”

Em nota, a CET chama de “equívoco” e promete investigar a colocação do cartaz que pede aos agentes que não deixem os carros e eles mesmos visíveis ao motorista. O material, segundo a assessoria de imprensa, foi imediatamente recolhido. Na mesma resposta, a companhia não faz nenhuma citação ou defesa do superintendente Jair de Souza Dias, apenas reitera que não há orientação nem iniciativa que indique o estabelecimento de metas nesse sentido.

Funcionários da CET, que não quiseram se identificar com medo de represálias, apontaram Jair de Souza Dias como o responsável pela mudança nas diretrizes da Companhia de Engenharia de Tráfego nos últimos meses. Eles relataram que são pressionados, também, para autuarem e guincharem mais, com metas a serem cumpridas por dia.

Um agente ouvido pela reportagem participou da reunião em que Jair destaca as novas ordens. “Tivemos uma reunião onde deixou claro que tem que autuar e tem que guinchar mais. Ele disse que vai estimular essa competição entre as áreas, e a área que autuar e guinchar mais vai ter mais recurso, mais viaturas”, revelou. “Disse também que o contrato da CET com a empresa de guincho é milionário. Ele solicitou esse contrato para o Jilmar (Tatto) e o prefeito e todo mundo tem que trabalhar para pagar isso.” 

Outro agente confirmou que a pressão veio de Jair, em uma reunião a portas fechadas. “Ele afirmou que seria punido aquele que não subisse o resultado de número de autuações.” Jair de Souza Dias está na CET desde 1986 e ocupa o cargo de Superintendente de Engenharia de Tráfego, estando abaixo apenas do direto de operações, Valtair Valadão, e do presidente da companhia, Jilmar Tatto.

Todas as diretrizes são repassadas por ele aos agentes de campo. “Só ele pode mandar uma ordem dessas para os agentes de trânsito”, relatou um agente. A maneira como Jair é conhecido entre os funcionários também não é por acaso: “Ele é conhecido como Jair Cavalo pelos corredores por causa do jeito truculento e bruto para tratar seus funcionários”, acrescentou. 

Fonte: SegNotícias

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