Com as denúncias de corrupção surgidas na
Operação Lava Jato, adicionado aos dados macroeconômicos que apontam para uma
deterioração e a queda do preço do petróleo, as empresas do segmento têm
enfrentado dificuldades em se manter ativas. Diversas sondas de perfuração -
equipamentos utilizados para acessar reservatórios de petróleo ou gás natural -
que estavam em atividade no Brasil tiveram contratos renegociados, cancelados
ou simplesmente não renovados, elevando em 31% o número de unidades
paralisadas. "Existem aproximadamente 38 sondas em operação no Brasil,
enquanto que em 2014 tínhamos 55 ativas", revela Paulo Niemeyer, diretor
da área de Óleo e Gás da consultoria e corretora de seguros Aon.
Segundo o executivo, o acontecimento elevou
o número de unidades em período de lay-up - ocasião em que as unidades ficam
paralisadas e atracadas em um porto ou terminal. Ele informa ainda que, em
âmbito global, muitas unidades conhecidas como new builds, também foram
paralisadas e aguardam compradores e/ou afretadores, sem contratos vigentes.
"Esse cenário acarreta em uma considerável incerteza aos estaleiros e
construtores navais, e também para armadores", diz.
Niemeyer acredita que a crise no setor
ainda deve levar cerca de 18 meses para ser normalizada e, por isso, as
empresas precisam ficar atentas aos riscos que afetam suas operações e, por
consequência, os fluxos de caixa. "No Brasil, a situação é ainda mais
grave devido aos recentes acontecimentos que envolvem denúncias de corrupção no
mercado, as quais afetaram todo o setor petrolífero e sua vasta cadeia de
fornecedores, causando não só a falência de algumas empresas, mas também no
aumento acentuado na taxa de desemprego, queda da curva de produção,
desinvestimentos e a desconfiança de investidores", acrescenta.
No entanto, Paulo explica que o mercado de
seguros tem sido favorável às empresas, já que alguns produtos como Riscos
Operacionais e de Construção apresentam queda de 5% a 35% nos prêmios. "A
retração na demanda, o aumento excessivo de oferta de capacidade e capital,
além da baixa sinistralidade têm atraído seguradoras e resseguradoras para o
mercado, gerando maior competitividade no setor e reduzindo os custos dos
seguros para as empresas. Até o momento, já tivemos um crescimento de 17% na
capacidade global disponível no mercado, o que causou US$ 7 bilhões de capital
para subscrever riscos da atividade de Óleo e Gás", relata.
Para o seguro de Danos Materiais de
Equipamentos e Controle de Poço (blow out), além da redução nos prêmios, os
seguros têm sofrido mudanças em relação às informações analisadas. "Os
principais dados analisados pelos mercados para a subscrição dos riscos
operacionais não têm sido apenas a saúde financeira das empresas, mas outros
fatores são levados em consideração, como: os valores dos ativos segurados, as
características e localidade dos poços, os desafios logísticos, o histórico, e
a experiência das empresas e de seus executivos", comenta.
Porém, o executivo observa que em outros
produtos, como Garantia e D&O, cujos principais fatores de análise do risco
são balanço financeiro e fluxo de caixa das empresas, a crise tem impactado
negativamente, com elevação nos prêmios das apólices e, em alguns casos, com
dificuldades para aceitação do risco no mercado. "Esses produtos
apresentaram um aumento no número de sinistros e também de valor de
indenização. Só em 2014, registramos um crescimento de 560% em indenizações de
D&O comparado com 2013", aponta.
Paulo Niemeyer explica que, com a crise no
setor, o papel da consultoria é fundamental para auxiliar os clientes sobre as
formas de obterem reduções de custos em seus programas de seguros, pois é
possível indicar coberturas para a proteção dos ativos e balanços que podem se
tornar mais vulneráveis em função da conjuntura econômica atual e da queda
acentuada do preço do barril. "Trata-se de uma parceria colaborativa, que,
por meio de um entendimento mais técnico dos riscos e também dos reais
problemas enfrentados por estas empresas, permite-se fornecer soluções
diferenciadas e inovadoras para as empresas que atuam no setor", constata.
O executivo ressalta que por conta dessas
mudanças, a Aon criou um facility global do setor de óleo e gás em parceria com
o mercado segurador. O intuito é oferecer seguros com coberturas de maior
abrangência a um preço mais competitivo do que é praticado no mercado. "O
facility será comercializado já neste segundo semestre por todos os nossos
escritórios no mundo, o qual disponibilizará cobertura securitária de até US$
100 milhões por unidade, equipamento ou operação, principalmente para empresas
do setor de E&P de pequeno e médio porte, tanto onshore quanto
offshore", acrescenta Niemeyer.
Nessa modalidade, os principais riscos
cobertos são os de danos físicos que envolvem sondas, bens e equipamentos,
responsabilidade civil, poluição súbita, despesas extras do operador - para
riscos de blow-out - e até mesmo lucros cessantes. "Sabemos que o momento
atual da indústria tem sido difícil, portanto, o objetivo é auxiliar de forma
estratégica as empresas que têm buscado redução de custos, oferecendo prêmios
de 20% até 25% inferior do que é praticado normalmente no mercado, além de
coberturas abrangentes e sob medida para cada caso", esclarece. De acordo
com o diretor de óleo & gás da Aon no Brasil, o produto passa a ser
comercializado concomitantemente a 1º rodada de licitações de blocos de
Petróleo e Gás no México, prevista para este mês. "O facility se encaixará
também perfeitamente após a 13º Rodada de Licitações no Brasil, prevista para
outubro deste ano", complementa.
Fonte: SegNotícias
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